Como incentivar a leitura crítica na era digital?

leitura crítica. woman with red light on face

Sua leitura crítica pode estar “atrofiando” na era digital… Você já sentiu que não consegue mais se concentrar em textos longos ou se aprofundar na leitura como antes? Você já se pegou lendo apenas as manchetes ou os resumos dos textos que encontra na internet? Você já se questionou sobre a veracidade e a qualidade das informações que lê nas redes sociais?

Se você respondeu sim a alguma dessas perguntas, você pode estar sofrendo os efeitos negativos do excesso de tempo em telas e dos hábitos digitais que estão mudando a forma como lemos e interpretamos.

Segundo a neurocientista cognitiva americana Maryanne Wolf, autora do livro O Cérebro no Mundo Digital: os desafios da leitura na nossa era, a leitura é uma habilidade que não é natural para os seres humanos, mas que foi desenvolvida ao longo da história por meio de um circuito cerebral que conecta regiões visuais, linguísticas, cognitivas e emocionais. Esse circuito nos permite entender argumentos complexos, fazer análises críticas, criar empatia e imaginação.

No entanto, esse circuito está sendo afetado pela forma como lemos na era digital, em que somos bombardeados por múltiplos estímulos, distrações e informações superficiais. Isso pode comprometer nossa capacidade de ler com atenção, compreensão, memória e criatividade. Além disso, pode nos tornar mais vulneráveis à manipulação e à desinformação.

Por isso, é importante desenvolver a leitura crítica na era digital, ou seja, a capacidade de ler com profundidade, reflexão e senso crítico, avaliando a fonte, o contexto, o propósito e a qualidade do texto. Mas como fazer isso? Aqui vão algumas dicas:

  • Escolha textos que te desafiem e te interessem. Prefira textos que apresentem argumentos bem fundamentados, múltiplas perspectivas e pontos de vista diferentes do seu. Evite textos que sejam apenas opiniões pessoais, sensacionalistas ou tendenciosos.
  • Leia com atenção e sem pressa. Evite ler apenas as manchetes ou os resumos dos textos. Leia o texto inteiro, prestando atenção nos detalhes, nas conexões e nas implicações. Não se deixe levar pela primeira impressão ou pelo senso comum.
  • Faça anotações e perguntas. Enquanto lê, faça anotações sobre as ideias principais, as evidências, as contradições e as dúvidas que surgirem. Faça perguntas sobre o texto, como: quem escreveu? para quem escreveu? por que escreveu? como escreveu? o que quer dizer? o que quer convencer?
  • Pesquise outras fontes. Não se contente com uma única fonte de informação. Busque outras fontes que confirmem ou contestem o que você leu. Compare as diferentes versões e interpretações sobre o mesmo assunto. Verifique a credibilidade e a atualidade das fontes.
  • Reflita sobre o seu posicionamento. Depois de ler e pesquisar, reflita sobre o seu próprio posicionamento em relação ao texto. Você concorda ou discorda do que foi dito? Por quê? Você mudou de opinião depois de ler? Por quê? Você aprendeu algo novo ou diferente? O quê?

E para as crianças e adolescentes, Wolf sugere algumas recomendações:

  • Ensinar a evitar o “multitasking”. A realização de múltiplas tarefas simultaneamente online dá aos jovens a capacidade de lidar com múltiplos fluxos de atenção, mas cria dependência de dopamina (que recompensa o cérebro por buscar constantes estímulos) e desestimula a memória;
  • Proteger o tempo ocioso das crianças, ou seja, não deixar que todo momento de ócio vire desculpa para usar telas. É no ócio que nasce a criatividade;
  • Ler livros para as crianças, antes mesmo de elas começarem a falar. Isso estimula conexões neurais, a atenção recíproca entre pais e filhos, a experiência tátil dos livros e é, diz ela, o “começo ideal para uma vida de leitor”. Wolf faz coro com especialistas que sugerem que crianças com menos de 2 anos não devem ser expostas a telas;
  • Entre dois e três anos, limitar a no máximo meia hora o tempo diário de tela. Para os maiores, limitar a duas horas diárias. Wolf acha que não adianta proibir totalmente as telas, porque isso só causará mais obsessão por elas. O jeito é buscar equilíbrio;
  • Sobretudo entre 2 e 5 anos de idade, cercar as crianças de lápis coloridos, livros, números e música, que estimulem a criatividade e a exploração física do meio. O aprendizado de música e de esportes também ajuda a ensinar disciplina e perseverança.

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E você? O que faz para incentivar a leitura crítica na era digital? Conte para nós nos comentários! E não se esqueça de compartilhar este artigo com seus amigos nas redes sociais! 🙌